ITAL 50 Anos - page 16

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1963 - 1983
era oferecer alguns conselhos de como aproveitar melhor o
excedente da produção no período de safra.
Em 1959, o engenheiro agrônomo Cyro Gonçalves Teixei-
ra, do IAC, foi designado pelo secretário de Agricultura, José
Bonifácio Coutinho Nogueira, para presidir a Comissão Técni-
ca de Tecnologia Agrícola. Como um dos principais incentiva-
dores da criação de um instituto de alimentos ligado ao IAC,
Teixeira encaminhou um relatório ao secretário, contendo as
principais justificativas para essa ação.
O relatório salientava a relevância da tecnologia agrícola
para a agricultura paulista e brasileira e a necessidade de se
intensificar os processos de produção em toda a cadeia; des-
tacava a importância da tecnologia na complementação da
atividade agronômica, que poderia trazer mais riqueza e me-
lhor condição de vida para o trabalhador do campo; ressaltava
a necessidade de investimentos em tecnologia agrícola, a am-
pliação das instalações para pesquisas na área tecnológica, e
a construção de um prédio apropriado para tais pesquisas e
experimentações; sugeria o desenvolvimento de pesquisas re-
ferentes à tecnologia do café, industrialização de alimentos,
microbiologia e produção de celulose; a instalação de plan-
tas-piloto no IAC, destinadas ao estudo dos principais proble-
mas tecnológicos da agricultura paulista, e que permitissem a
preparação de profissionais para atuação na industrialização
de produtos agrícolas.
Embora o secretário de Agricultura não tenha aceitado a
imediata criação do Instituto, foi determinado, a partir desse
documento, que se iniciassem estudos para realizar uma am-
pliação dessa área de tecnologia agrícola no IAC. Novamente o
professor Sherman Leonard foi convidado para atuar como con-
sultor da Secretaria de Agricultura nesses estudos.
Como parte do plano de ação, foram elaborados também
projetos de construção do edifício para abrigar o Instituto, que
previa uma área administrativa, diversos laboratórios e usi-
nas-piloto. Em reunião convocada pela diretoria do Instituto
Agronômico, com a participação de autoridades da Secretaria
de Agricultura e representantes de indústrias de alimentos, foi
apresentado o plano geral para a instalação das novas unidades
destinadas à pesquisa em tecnologia agrícola, na Divisão de
Tecnologia Agrícola do IAC.
Paralelamente à construção da nova unidade, foram se-
lecionados 11 técnicos recém-contratados para fazer pós-
graduação no exterior. Eles deveriam se capacitar em áreas
voltado para o processamento de alimentos, como era o pensa-
mento de um grupo de pesquisadores do IAC. Entretanto, uma
comissão de técnicos da Secretaria de Agricultura se manifes-
tou contrariamente a tal iniciativa, com a argumentação de que
a Secretaria, e unidades ligadas a ela, deveria se concentrar
em pesquisas voltadas diretamente à produção agrícola.
A resistência à criação de um órgão que direcionasse as
pesquisas para a tecnologia de alimentos não fazia sentido,
principalmente porque a atuação da Seção de Tecnologia
Agrícola, até mesmo por meio de decretos e regulamentos,
já há alguns anos, investia em pesquisas voltadas para essa
área, contando com o incentivo de legisladores e pesquisado-
res do porte de Sherman Leonard que, segundo Teixeira e Tis-
seli (1991), teve fundamental importância no convencimento
das autoridades do governo paulista da necessidade de se
fortalecer as pesquisas nessa área.
Esse convencimento se traduziu em uma segunda tenta-
tiva de se criar um instituto de tecnologia de alimentos no
estado de São Paulo, que surgiu por iniciativa do secretário
de Agricultura à época, Jayme de Almeida Pinto, um político
do interior, ligado às atividades rurais. Dessa vez seriam uti-
lizadas as instalações da Escola Prática de Agricultura de Pi-
rassununga. Porém, o desejo dos técnicos do IAC era de que
essa atividade fosse ampliada no próprio instituto, de modo
a integrar o trabalho das diferentes seções e, novamente, a
proposta não teve o êxito almejado.
Em 1958, um novo decreto (33.718/58) aprovou um re-
gulamento que reestabelecia a autonomia do IAC, e incluía a
Seção de Tecnologia Agrícola como parte da Divisão de Solos,
Mecânica Agrícola e Tecnologia. O regulamento não tratava de
nenhum dispositivo que permitisse colocar em funcionamento
a Divisão de Mecânica, Tecnologia e Indústrias Agrícolas criada
em decreto anterior (31.779) do mesmo ano.
O IAC continuou atendendo à demanda de consultas para
solucionar problemas relacionados com a conservação de pro-
dutos perecíveis, principalmente frutas. Iniciou-se então uma
campanha para melhor aproveitamento industrial de produtos
como pêssego, laranja, uva, tomate, figo e outros, de modo
a garantir a manutenção do preço de venda para o produtor.
Novamente a pesquisa esbarrou na falta de instalações ade-
quadas e na escassez de pesquisadores especializados para
garantir que o Instituto oferecesse respostas satisfatórias para
o produtor rural. O máximo que os pesquisadores conseguiam
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